Projeto de lei quer aplicativo com cadastro de agressores de mulheres em MS

Projeto de lei quer aplicativo com cadastro de agressores de mulheres em MS

Cadastro será alimentado com informações de boletins de ocorrência, processos judiciais, sentenças e medidas protetivas

Projeto de lei protocolado na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) nesta sexta-feira (14) prevê a criação de um aplicativo com cadastro de autores de violência doméstica e familiar em MS.

O Projeto de lei 24/2025 prevê que o cadastro será alimentado com informações vindas de registros de boletins de ocorrência, processos judiciais, sentenças penais, medidas protetivas e quaisquer outras fontes oficiais que envolvam violência doméstica e familiar.

No aplicativo haverá informações obrigatórias como o nome completo do agressor; número do RG e CPF; e histórico de violência doméstica; além do status de cumprimento das medidas protetivas, incluindo tornozeleira eletrônica ou outras formas de monitoramento.

O histórico inclui boletins de ocorrência, medidas protetivas e decisões judiciais, data de condenação ou registros de violência doméstica (se houver) e localização atual do agressor (quando aplicável e autorizado judicialmente).

O Cadastro Estadual de Agressores de Violência Doméstica e Familiar prevê gerência da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), em parceria com o Ministério Público Estadual, Defensoria Pública Estadual e Deams (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher) do Estado.

O projeto é do deputado estadual João Henrique Catan (PL). “Cada mulher que denuncia um agressor e não recebe a devida proteção carrega o peso da negligência do Estado. Esse projeto de lei é um compromisso real com a segurança e a dignidade das mulheres sul-mato-grossenses”, afirma o parlamentar.

Vanessa era conhecida pela excelência onde atuava (Reprodução, Redes Sociais)

Feminicídio de Vanessa Ricarte

O projeto de lei tem a ver com o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, ocorrido na última quarta-feira (12), em Campo Grande. Ela foi morta pelo namorado, Caio Nascimento, com três facadas no tórax, dentro da própria casa.

“A morte desta jornalista, a Vanessa, mostra que a culpa é do sistema – dos legisladores, dos juízes, do Poder Público, do Estado – que não consegue garantir a segurança, a efetividade da proteção destas mulheres”, diz Catan.

Como publicou o Jornal Midiamax, o feminicídio que vitimou Vanessa expõe falhas que vão da falta de efetivo policial na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) a uma lei de execução penal antiquada e ainda aplicada em casos que visam ao bem-estar da mulher no Brasil.

Isso porque a jornalista esteve na delegacia durante a madrugada para registrar boletim de ocorrência contra o ex-companheiro Caio do Nascimento Pereira. Saiu de lá com a medida protetiva, mas o músico não foi notificado a tempo.

O que aconteceu neste intervalo tão curto passa por uma séria de fatores, que implicam em ações do judiciário, da polícia e dos políticos.

Criminoso tinha 11 passagens pela Polícia

Caio acumulava 11 registros por violência doméstica. Os boletins de ocorrência de violência doméstica começaram a ser registrados em 2020.

Em um dos casos, uma ex-namorada foi parar na Santa Casa depois de ser agredida pelo músico. A ex-namorada agredida teve queimaduras no rosto e braços, do que parecia ser fricção no asfalto.

Caio havia ameaçado Vanessa de morte um dia antes (Reprodução, Redes Sociais)

A filha da vítima na época relatou que a mãe foi agredida pelo seu ex-namorado na casa dele e que teria pego um motorista de aplicativo até sua casa, momento em que o ex-namorado chegou pilotando uma motocicleta logo atrás da vítima. Ela, então, ligou para a polícia e o agressor fugiu do local.

Brilhante e independente: amigos repudiam feminicídio

Uma mulher forte, brilhante e inspiração para muitos. Vanessa Ricarte era uma jornalista, pós-graduada, chefe de comunicação de um importante órgão público. Nenhuma dessas características foi suficiente para impedir que ela entrasse para estatísticas.

Amigos e todos os que a conheciam estão desolados, cheios de insegurança e questionamentos. O jornalismo de Mato Grosso do Sul está em luto e evidenciando o quão fora do perfil de vítimas era Vanessa. Mas, mais uma vez, o crime mostra que agressores não têm perfil, não têm cara e estão mais perto do que a gente pode imaginar.

Fonte: MidiaMax

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